Espetáculo da Companhia de Teatro Lumbra é um trabalho cênico de pesquisa e registro folclórico sobre lenda gaúcha de Teiniaguá
Publicidade:

|
Foto: Alexandre Favero - “A Salamanca do Jarau” é um espetáculo de animação em sombras
Erick Tedesco
Na lenda gaúcha também conhecida como Teiniaguá, a tal da salamanca era interpretada pelos homens religiosos de séculos passados como um bicho que tinha pacto com o diabo. Acreditavam ainda que, além de maléfica, era mulher, uma princesa moura que foi enfeitiçada e precisava de um grande amor para se transformar e “viver feliz para sempre”. O folclore é a base da encenação da Companhia Teatro Lumbra, na peça “A Salamanca do Jarau”, hoje, às 19, e amanhã, às 20 horas, no Sesi Piracicaba.
A montagem é uma das 12 selecionadas para integrar a terceira temporada do circuito “Viagem Teatral 2010”, promovido pela entidade em todo o Estado de São Paulo. A direção é de Alexandre Fávero, que também assim a concepção e a cenografia do espetáculo, uma livre adaptação do conto homônimo de João Simões Lopes Neto, “um dos primeiros escritores modernistas do Brasil a aproveitar o folclore para fazer poesia e revelar segredos”, destaca Fávero.
“A Salamanca do Jarau” é um espetáculo de animação em sombras. Os sombistras interpretam os personagens e, ao mesmo tempo, narram a história utilizando luzes, sombras, objetos, figuras, silhuetas e o próprio corpo.
A história trata do encontro do pobre Blau Nunes com o guardião do Cerro do Jarau, que o convida para passar por sete provas em troca de sete poderes. Ele passa pelas provas e conhece a princesa moura, na aparência de uma fada velha — a Teiniaguá encantada pelo diabo indígena Anhangá-Pitã — que lhe oferece riquezas enquanto o que ele quer é o seu amor. Blau recebe um amuleto amaldiçoado com o qual faz fortuna, porém, é difamado e isolado. Arrependido, ele devolve o talismã e liberta o sacristão e a Teiniaguá de uma maldição de 200 anos. Os dois libertos formam o casal que dá origem ao povo gaúcho. O cerro se desfaz e Blau recupera a paz.
De acordo com Alexandre Fávero, este é um trabalho cênico de pesquisa e registro folclórico. “O resultado é a poesia audiovisual, combinada com o aprimoramento de equipamentos desenvolvidos exclusivamente para aproximar o movimento das luzes e sombras da dinâmica cinematográfica moderna, permitindo revelar um estilo contemporâneo de interpretação e de expressividade cênica, na qual os sentidos do espectador são guiados pelo universo fantástico do autor”, esclarece.
A trilha sonora concentra o repertório em ritmos e canções regionais. Assim, conta com milongas, rancheiras, toadas e outras variedades de ritmos que identificam a música de origem do extremo sul do país. “Para criar o clima de magia e encantamento que o conto sugere, linhas amparadas por efeitos de som, computadores e teclados são utilizados, dando caráter modernista e original”, revela.
SERVIÇO
Teatro “A Salamanca do Jarau”, da Companhia Teatro Lumbra, hoje, às 19, e amanhã, às 20 horas, no Teatro do Sesi Piracicaba. Entrada gratuita. Na avenida Luiz Ralph Benatti, 600. Informações: 3403-5900.
|